Nos meus paseos pola buliciosa Lisboa (máis barulleira aínda nestes días de ceo azul e furioso sol) cavilo moitas veces naqueles galegos que durante centos de anos carretaron ao lombo todos aqueles traballos sucios, ingratos e marxinais que os portugueses afidalgados, bébedos de mar e conquistas, rexeitaban levar a cabo. Tamén neste sentido nós, coma os irlandeses, fomos nalgún tempo os negros da Europa. E neste exercicio de memoria e hixiene histórica (para con nós mesmos e para os que agora sofren os que nós sufrimos noutrora) aparece Alexandre Herculano , elaborando unha certa mitoloxía de nós, deitando palabras que nos reconcilian se cadra coa nosa propia dignidade, esa da que aínda hoxe andamos por veces máis que escasos. Palabras que, dentro do seu ton panexírico, conteñen parte da nosa máis íntima e desesperante contradición. En fin, son palabras que, non sei por que motivo, algo me din nestes días de bandeiras espanholas ondeando en Valença do Minho...
Tenho visto muito mundo, falado com muita gente, nunca vi nem ouvi que nenhum galego nascesse em parte nenhuma. Veio da terra: vai para a terra.
Lisboa despovoada desta raça, dura como um verso inglês, e todavia mansa como um soldado do papa, padeceria mais que com um terramoto...
Ente admirável, sobre cujos ombros descansa quase todo o peso da república...
Nenhuma criatura dos reinos e senhorios portugueses pode volver os olhos para o extremo horizonte do nosso passado, que não enxergue, ao cabo lá, a Galiza...
O galego é a obra mais engenhosa, mais profunda, mais admirável do pensamento humano. Se houvessem conhecido a entidade galego, Newton não se teria ocupado em buscar as leis materiais do Universo, Hegel em espiolhar as verdadeiras fórmulas das ideias, Cuvier em reconstruir a bicharia antediluviana; estes três homens extraordinários ter-se-iam votado ao exame indefesso desta grandiosa criação social, de que nem o mundo antigo, nem o moderno oferecem equivalente ou modelo.
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