sábado, 31 de março de 2012

Cousas às que pertenço (1)

Gosto de pensar que pertenço a cousas como esta...

sexta-feira, 23 de março de 2012

Die young, leave a good-looking corpse

Há uns dias, comentando na aula a morte precoz de alguns dos nossos grandes poetas (nomeadamente Manuel António e Amado Carvalho), lembrei-lhes aos meus alunos umha dessas frases que fam parte da mitologia rock: "Morre novo e deixa um cadáver fermoso". Fazendo umha interpretaçom um bocadinho mais ampla desta cita, quiçá o melhor conselho que podemos tirar dela seja este: quando vejas que começas a nom ter nada para dizer, melhor fica calado. E se ainda por acima tiveche a imensa fortuna de produzir obras gloriosas e maravilhosas durante a tua mocidade, dessas que serám lembradas como fitos referenciais algum dia, para que expor-te a fazer-lhes sombra estirando inecessariamente umha criatividade que esmorece?
Bom, aplique-se o conto aos nossos amigos (habituais por outro lado destas ciber-leiras) The Chieftains, que neste ano celebram os seus 50 anos de trajetória.
Conste que sempre fôrom umha das minhas bandas predilectas e, de facto, foi o primeiro grupo de música irlandesa que descobrim, lá nos meus tempos de iniciaçom no mundo da música celta, quando chegou às minhas maos o disco The Chieftains 7.


Por isso, escuitando peças tam contundentes e poderosas como esta (ou como muitas outras que zarriscam aqueles primeiros trabalhos, especialmente o glorioso The Chieftains Live), nom acaba de se compreender muito bem a necessidade que podem ter uns mestres consagrados e reconhecidos como eles de andar a repetir umha e outra vez a mesma fórmula disco trás disco, oferecendo como único aliciente umha remuda integral de caras e de colaboradores de um trabalho para o seguinte. E mais nada. Todo o demais (excepto lôstregos pontuais que nos lembram que, na realidade, a genialidade nunca acaba de se extinguir) é intercambiável.
Dá-me a impressom de que, por desgraça, os meus caros amigos Molloy, Moloney, Keane e Conneff acabárom por se converter nuns Rolling Stones da música celta. E ogalhá me equivoque, mas temo sinceramente que o nosso Carlos Núñez acabe seguindo um roteiro similar...
Em fim, celebremos entom estas vodas de ouro de The Chieftains, mas fagamo-lo com algo de trigo velho do que, afortunadamente, ainda nos fica na artesa.


quinta-feira, 22 de março de 2012

Umha de cemitérios

Entre o cemitério de Begoña, em Bilbo, e o de Santa Maria de Trovo, na Terra Chá, pode haver uns quinhentos quilómetros de distáncia. 
Mais ou menos a mesma distáncia parece existir entre as duas mentalidades que gerárom estas rimas admonitórias colocadas na entrada de cada um desses dous recintos. 
O de Begoña: solene, binário (Céu e Inferno, glória e condenaçom), um bocadinho trágico quiçá. Bem nos pode lembrar o desconcerto e a angústia vitais de um Jorge de Manrique.


O de Trovo: há também admoestaçom, aceptaçom resignada, consciência do inevitável. Mas aqui som os defuntos os que falam, os que se fam donos da voz. E imaginamo-los transmutados em retranqueiros esqueletes, com os ossos a brilharen sob o luar chairego. Quiçá um deles seja posuidor de um olho de vidro. E afinal, e sentindo-o muito polo cuitado dom Ramoncinho d'Os velhos nom devem de namorar-se, todos, absolutamente todos, seremos uns...


E por aquilo da continuidade atlántica e das irmandades galaico-portuguesas, pode estranhar-lhe a alguém que encontremos exatamente a mesma mensagem e a mesma palpitaçom -metade trágica, metade escarnina- outros quinhentos quilómetros mais ao sul, concretamente em Évora?


segunda-feira, 19 de março de 2012

Os outros celtas

E se eles fossem os últimos celtas, os verdadeiros celtas? E se a celticidade, no fim de contas, fosse isso?
Às vezes é mui saudável dinamitar esquemas mentais, e no blogue Arqueotoponimia sabem fazê-lo como ninguém...