Desde hai uns anos o Apalpador conseguiu asentarse como unha marca de identidade do Nadal galego, mesmo en sectores en principio bastante afastados (no ideolóxico, mais non só) daqueles dos que partiu o proceso de revitalización e reivindicación desta figura da mitoloxía popular courelá. Claro que sempre hai persoas remisas, pailáns de patacón que viven ancorados nos seus pseudo-discursos directamente importados da meseta e que ven ameazas e inventos do nacionalismo radical por toda a parte, agás (faltaría máis!) nos grandes tótems da cultura oficial e españolísima. Porque seica o Apalpador é unha invención, ou un plaxio do Olentzero batasuno (digooo, basco), ou como pouco unha distorsión do que non era máis ca un cocón para espantar os cativos. Ora, os símbolos culturais españois xurdiron puros e inmutábeis cando don Pelayo aínda arrastraba o cordón umbilical. Lóxico que estes palleiráns boten a lingua a pacer precisamente agora. Non deixa de ser un sinal de que algo como o Apalpador (símbolo non só do Nadal galego, senón tamén dun xeito radicalmente distinto de entender o Nadal!) está a conseguir un grao alto de aceptación social sen necesidade de pedir certificados oficiais nin de pagar portaxes en Madrid ou Hollywood. E iso non o poden aturar, xa ora!
Mais eu non quería falar de caspa nin de papanatas, senón do Apalpador e do sol e das grandes toradas estalando nas lareiras mentres cae a xeada no mundo. Porque o Apalpador vén de moi atrás, e como tantos outros temas da nosa tradición non deixa de ser transformación de mitos moito máis arcaicos. O entrañábel carboeiro que fuma en cachimbo e arrastra as súas chinelas polas devesas adiante preséntasenos como decantación de vellas simboloxías solares, e así o viu José André Lôpez Gonçález no seu estudo sobre o Apalpador, verdadeiro fito inaugural na recuperación deste personaxe e que estes días estiven a reler con delectación. Déixovos aquí un pequeno extracto no que o Apalpador aparece relacionado cun rito fermosísimo ao meu ver, como é a torada de Nadal.
[...] Um rito pan-indoeuropeu mergulhado na noite dos tempos ligado a nosso personagem, como a seguir observaremos, é o da torada de Natal, da que tem escrevido inesquecíveis páginas Sir James George Frazer. O senhor Benigno da casa de Cela de Romeor do Caurel assinalou-me que quando ele era moço ainda traziam desde A Devesa para as casas uma torada bastante grossa para alimentar o lume de Natal, acrescentando: "Ninguém, durante este tempo, não devia jurar, nem zangar-se, nem bater nas crianças, nem nos animais. Depois de se cantar Os Reis -cá vinha-che gente desde Santim, de Zanfoga e mesmo de Busmaior-, punham-se às portas das cortes as cinzas do tarulo para que o gado passasse por cima. Assim espantavam-se-lhes as doenças". O senhor havia ter em torno dos oitenta anos quando recolhi o rito em 1988. Ele, camponês, nunca saíra do Caurel fora do serviço militar.
Aqui se mostram os caracteres apotropáicos, isto é, o vigor protector, directamente sobre os animais e de modo indirecto sobre a gente, do ritual. Que este rito tem sido operante também em Bezerreã e em Cervantes, assegura-o D. Jesus Rodríguez López em Supersticiones de Galicia, livro publicado em 1910. Em Portugal há o costume de prender dos ramos das árvores figuras a anunciar o Natal que depois são queimadas diante da Igreja. No Douro há a tradição de queimar uma árvore inteira na lareira. Nas Beiras, tanto a Alta quanto a Baixa, a árvore conhecida como o Madeiro do Menino-Jesus, é queimada na praça aos doze toques da meia noite, salta-se depois sobre o braseiro à par que se cantam as Janeiras. Antigamente o povo todo da aldeia comia, bebia e dançava à volta do fogo, a seguir à missa do galo, entrando a diversão pela noite dentro.
D. Julio Caro Baroja e D. José Miguel de Barandiarán, com muita sabedoria e atenção, têm atestado e estudado o tema da árvore do Natal e dos assuntos ligados a ele no País Basco. Mesmamente o antropólogo Caro Baroja informa da sua vitalidade em Aragão, Andaluzia, Castela, Catalunha, na França -onde muito tem batalhado Jean Batiste Thiers, cura de Vibraie e açoite de superstições- e igual na Itália. Na Toscana é mesmo nomeado Ceppo (toro da árvore cortada) o dia 25 de Dezembro. Ficam de acordo todos os etnólogos em que a queima do toro de Natal tem uma ligação ineludível com as representações solares (o Sol, produtor da luz e da vida em correspondência com a vegetação firma-se nos solstícios como se torna evidente nas festas de São João no solstício do verão), ritos mergulhados na profundidade da noite dos tempos. Mesmo a árvore de luzes, tão usual hoje em todos os fogares cidadãos, que veu a nós desde a Germânia, não vem ser mais, em rigor, que a velha queima da torada de Natal milenária, fortemente deformada desta volta por uma comercialização abusiva e a papa-moscas mimetização da pseudo-cultura holiwoodiana.
O Apalpador, com as funções atribuídas de carvoeiro, isto é, trançador de árvores, subministrador do lume (floresta-luz-calor) e doador de castanhas, possui as mesmas virtudes apotropáicas postas na queima dos madeiros, isto é, anunciador da fartura, da protecção, da aliança com a boa fortuna. [...]