domingo, 29 de janeiro de 2012

Ensaiando um 'blues' para a independència

Todo poderia começar com umha daquelas tristíssimas e crepusculares cançons jacobitas. Bonnie Prince Charlie a regressar sobre as águas do mar... 
Pois parece que sim, que a Escócia caminha com passo firme cara à recuperaçom dessa independência que lhe arrebatárom há 300 anos sob o disfarce de umha eufemística "uniom". Passo firme, mas também tranquilo, repousado. Nos antípodes da crispaçom enfermiça com que todas estas temáticas som esmiuçadas na opiniom pública de monarquias "bananeiras" como a que nos toca sofrer. Já me tarda escuitar nos faladoiros e tertúlias do Império Cativo um novo e inevitável mantra: "Euskal Herria nom é Escócia. Euskal Herria nom é comparável à Escócia". Tam-pouco é equiparável à Irlanda do Norte, obviedade que se encarregárom de lembrar de jeito pontual ao longo das últimas décadas, ainda que os mais ingénuos sigamos a pensar que o ruído das bombas e dos disparos era bem similar em Beal Feirste e em Arrasate, em Doire Cholm Chille e em Galdakao...
Mas os escoceses, tal e como cantou o mestre Stivell, os escoceses are right, e fam seu um discurso pragmático e incontestável que nos lembra que o capitalismo tivo o seu berço naqueles nortes de ventos e contradiçons tam similares às nossas. As verdades do capitalismo postas ao serviço de umha lógica independentista. Creio que, se estivéssemos nos anos 20, a intelectualidade galeguista daqueles dias seguiria com reverência e atençom pontual todo quanto está a se produzir na Escócia, do mesmo jeito que se atendia aos acontecimentos que tinham lugar na adorada irmanzinha que atravesou o mar. Ainda que a Risco ou a Castelao ou a dom Ramom (que só houvo e haverá um) lhe repugnassem essas veleidades monetárias contaminando o que deveria ser puro e etéreo nacionalismo.  
E ainda assim, ninguém como os escoceses, donos de um respeito sagrado polos símbolos, para dotar estes momentos históricos da necessária dose de poesia e de emoçom: o referendo, de se celebrar, terá lugar com motivo do 700 aniversário da batalha de Bannockburn, essa em que umha manda de sonhadores derrotárom o embriom do que seria o imbatível Império Británico. 
Se fosse hoje, o nom menos sonhador Alex Salmond sentaria no meio do campo de batalha e, se calhar com umha chávena de chá e um prato de haggis polo meio, acabaria convencendo a Eduardo I das bondades da liberdade escocesa. 
E assim, o que poderia começar com umha tristíssima e crepuscular cançom jacobita poderia acabar perfeitamente com um blues pola independência.

Sem comentários:

Enviar um comentário