Criar, acumular, armazenar. Sons estranhos emergem de um simples fiddle e vam pinga a pinga caindo nalgo que cremos mui similar à memória, esse baú, esse açude. Esse pántano, seria bem dizer. E, justo a seguir, a melodia, fragmentada, rota, chegando aos nossos ouvidos como um corpo mutilado, como umha beleza proscrita:
Noutras entregas deste blogue pugem a música de Eoghan Neff como exemplo do que eu entendo por poesia, e vendo e escuitando isto que hoje partilho com vós nom fago mais que reafirmar-me no dito. A Eoghan haveria que estudá-lo nas faculdades de Filologia. Ou seria melhor nom estudá-lo? Talvez. Limitar-se simplesmente a desfrutá-lo como desfrutaríamos de um copo de licor clandestino, refugiados da chuva nalgum bar desses que nom aparece nas guias turísticas.
Com Eoghan conversamos há umhas semanas em Lisboa, após um concerto dos Assembly Point num pub do Cais do Sodré. E na conversa saíu outro nome, o doutro violinista que já tem visitado este blogue como é Caoimhín Ó Raghallaig. Os seus experimentos com o fiddle, nom menos temerários e vivificadores que os de Eoghan, geram às vezes momentos de umha beleza tam singela e original como esta:
E com os ecos deste fiddle reinventado (quase re-inaugurado, se me permitirdes o neologismo), desejo-vos umha boa fim-de-semana desde o frio e o vento que asolam estes dias o país dos txinberos.
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